ANTAGONISTA
A repressão
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No dia 9 de abril de 1964, declarando que “a revolução vitoriosa se investe no exercício do Poder Constituinte”, esse comando baixou o primeiro Ato Institucional, que convocou o Congresso a eleger um novo presidente com poderes muito ampliados.
No mesmo dia, o Congresso, já amputado em 41 mandatos cassados, submeteu-se ao poder das armas, elegendo o general Humberto Castelo Branco à presidência.
O movimento militar dava, assim, seu primeiro passo. Um movimento que se impôs com a justificativa de deixar o Brasil livre da “ameaça comunista” e da corrupção, e que desde o início procurou se institucionalizar. Os militares governaram a partir de uma “legalidade autoritária” e combatiam qualquer um que contestasse o regime.
Para os chamados “subversivos”, não teve limite jurídico, ético ou moral. Assim, principalmente a partir de 1968, o Estado brasileiro patrocinou uma repressão ao mesmo tempo legal e ilegal, baseada em censura, vigilância, tortura sistemática, prisões ilegais e desaparecimentos.
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O filme representa vários lugares de memória da repressão. As informações desta seção tem sido pesquisadas no Site do Memorial da Resistência de São Paulo.
DOI-CODI
O DOI – CODI (Destacamento de Operação Interna – Centro de Operação e Defesa Interna) surgiu em 1969 a partir da Operação Bandeirante (OBAN) com o objetivo de coordenar e integrar as ações dos órgãos de repressão. Subordinado ao Exército, foi um dos principais centros de sequestro, tortura e morte da repressão.
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O sistema DOI-Codi nasceria sob o comando do Exército e contaria com unidades instaladas em todas as suas áreas de jurisdição. Cada Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) era responsável pelo planejamento de ações de segurança e informação, incluindo capturas, averiguações e interrogatórios de suspeitos. O órgão paulista foi reconhecido como um dos mais atuantes centros de tortura, assassinato e desaparecimento forçado de perseguidos políticos do país. Desde a sua extinção, no início da década de 1980, o local continua abrigando uma delegacia. O conjunto foi tombado em 2014 pelo CONDEPHAAT e em 2017 pelo CONPRESP, com recomendações para criação de um centro de memória.
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O coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra comandava as sessões de torturas no Doi-Codi. o oficial usava o codinome Dr. Tibiriçá.
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Hospital Militar - HMASP
O Hospital Militar de Área de São Paulo – HMASP integrou o sistema repressivo durante a ditadura, quando passou a ser utilizado para o atendimento de presos políticos, tanto aqueles que ficaram enfermos no cárcere, quanto as vítimas de torturas intensas, como foi o caso de Heleny. Os presos eram mantidos algemados em seus leitos e escoltados 24 horas por dia. Na maioria das vezes, o objetivo era fazer o preso retornar às delegacias e quartéis e, consequentemente, às sessões de tortura.
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DOPS
O Departamento de Ordem Política e Social – denominado Deops em São Paulo – é a polícia política mais antiga do país, atuando entre 1924 e 1983. Teve papel de destaque durante o Estado Novo (1937-1945) e a ditadura civil-militar, sendo um conhecido centro de repressão e tortura que operava também na instauração de inquéritos e produção de informações sobre setores vigiados da sociedade. Em São Paulo, o antigo Armazém Central da Estrada de Ferro Sorocabana, um amplo edifício construído em 1914 por Ramos de Azevedo, foi sede do Deops entre 1942 e 1983, passando a ser conhecido como “Prédio do Deops”. Aqui estiveram detidos e submetidos à tortura muitos militantes políticos. Nas décadas de 1980-90 o prédio ficou parcialmente abandonado, mas desde 2009 funciona, no térreo do edifício, o Memorial da Resistência de São Paulo: uma instituição cultural dedicada aos direitos humanos por meio da preservação e musealização das memórias da resistência e da repressão políticas do Brasil republicano.
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Sérgio Fernando Paranhos Fleury atuou como delegado do Dops durante a ditadura militar, a partir de 1968. É considerado um dos repressores mais notáveis do período. Fleury é acusado de chefiar os esquadrões da morte que atuavam na periferia de São Paulo, nas décadas de 1960 e 1970 e de ter levado o mesmo modus operandi ao combate a grupos guerrilheiros.
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PRESÍDIO TIRADENTES
Construído em 1852, o Presídio Tiradentes serviu inicialmente como prisão e depósito de escravos. Foi no Estado Novo (1937-1945) que recebeu um pavilhão especial para presos da Lei de Segurança Nacional, passando a ser reconhecido como um presídio político. Essa função se destacou ainda mais durante a ditadura. Após terem suas detenções legalizadas ou serem condenados pela Justiça Militar, os presos políticos eram encaminhados preferencialmente ao Tiradentes. A transferência marcava o fim dos interrogatórios sob tortura e da condição ilegal (não documentada) da prisão, diminuindo as chances de desaparecimento. Por isso, apesar de insalubre, o Tiradentes era um ambiente mais seguro para os presos. Aqui, eles puderam reunir as primeiras denúncias das violências vividas, se organizar para exigir melhores condições de aprisionamento, e mobilizar greves de fome. O Tiradentes funcionou até 1972, quando foi demolido. Único vestígio preservado, seu arco de entrada foi tombado pelo Condephaat.
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A Torre das Donzelas foi o nome dado ao conjunto de celas do Presídio Tiradentes, onde as presas políticas eram mantidas em São Paulo na década de 1970.
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CASA DA MORTE
Casa da Morte foi um centro clandestino de tortura e assassinatos criado pelos órgãos de repressão numa casa na cidade de Petrópolis, estado do Rio de Janeiro. Na casa, diversos presos políticos capturados foram torturados e assassinados por militares durante a década de 70, entre eles, Heleny.
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Estes fatos só se tornaram conhecidos devido às denúncias da única sobrevivente, a dirigente da organização VAR-Palmares Inês Etienne Romeu. Ela foi cativa, estuprada e torturada por mais de três meses no local, antes de ser jogada numa rua do subúrbio do Rio quase morta, mas sobrevivendo para contar a história.
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Ela jamais conseguiu esquecer o rosto redondo e a pele avermelhada do seu estuprador, o soldado cearense Antônio Waneir Pinheiro de Lima, codinome Camarão.
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O Cabo Anselmo foi um agente duplo que ajudou a prender ou matar cerca de 200 pessoas, tornando-se o principal colaborador dos órgãos de repressão do regime militar. Entregou a Heleny e sua companheira, Soledad Barrett, grávida de cinco meses, que foi brutalmente assassinada na chamada “Chacina de São Bento” na Bahia.
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