Universo público

UNIVERSO PÚBLICO

Heleny

O universo público de Heleny está representado pelos espaços públicos onde ela transitou e pelas pessoas que ela influenciou como professora, filósofa e professora de Teatro.

CAETANO DE CAMPOS – ESCOLA NORMAL PAULISTA

Heleny estudou na primeira Escola Normal Paulista, um dos símbolos da educação do Estado e referência na formação de professores e difusão de teorias científicas e pedagógicas. Logo cedo se tornaria professora.

MARIANTÔNIA (FACULDADE DE FILOSOFIA)

Heleny estudou filosofía no maior centro estudantil de esquerda da época. A Faculdade sofria constantes ameaças de alunos da Faculdade Mackenzie, situada na mesma rua e grupos radicais ultradireitistas, como o CCC (Comando de Caça a Comunistas).

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ESCOLA DE ARTE DRAMÁTICO (EAD)

Heleny estagiou na Europa e se especializou em Teatro Pós-Bretchiano. Foi chamada por Augusto Boal para dar aula de interpretação na Escola de Arte Dramática. Em 1965, tinha recebedo uma bolsa de estudos do Consulado da França que possibilitou uma estadia de dois anos na Europa. Lá, foi estagiária no Berliner Ensemble, na antiga Alemanha Oriental, e teve contato com o teatro de Peter Brook, na Inglaterra. Realizou seu doutoramento na Universidade de Marselha, onde cursou a disciplina “Teatro pós-brechtiano” e conheceu, de perto, o trabalho dos franceses Jean Vilar e Roger Planchon. Sobretudo as teorias planchonianas acerca da popularização e descentralização do teatro, tiveram grande influência sobre a diretora e professora. Adaptadas para a realidade brasileira, as teses de Planchon se tornariam um referencial para a atuação de Heleny . 

Em Santo André, polo operário, com alunos da EAD montou o Grupo de Teatro da Cidade (GTC) ,onde teve um grande sucesso, obtendo o premio revelação de direção pela Associação Paulista de Críticos Teatrais com a montagem da peça Jorge Dandin de Moliére.

TEATRO DE ARENA

Heleny, que era amiga e colega de Augusto Boal (foi ele quem a indicara para dar aula na EAD), junto com a argentina Cecilia Thumin, montou um curso de interpretação num dos principais polos de teatro alternativo e  engajado na época onde confluíam inteletuais de todo tipo, o Teatro de Arena. 

O programa do Curso divulgado na imprensa era arrojado, e aliava o impulso modernizador das principais experiências teatrais do período com o legado histórico do teatro paulistano. Com um programa avançado e duas professoras conectadas com conceitos teatrais modernos, que estavam sendo debatidos e praticados naquele momento nos principais centros artísticos do mundo, aquele curso acontecia na contramão do ambiente antidemocrático e regressivo.

 

“Ela tinha uma formação e ideias muito mais brechtianas que as do Teatro de Arena e que as do Teatro Oficina. Sua admiração pelas propostas de Roger Planchon levava-a a reivindicar um palco bem mais amplo que os das nossas principais salas de vanguarda. Ela propunha que as diversas áreas que compõem o espetáculo tivessem autonomia e dialogassem criticamente, estimulando a criatividade e a criticidade do espectador. Esteticamente o que ela me ensinou foram essa liberdade e autonomia dos elementos do espetáculo, mas seus ensinamentos mais marcantes, aprendi com a sua atitude radical de lidar com o teatro e a vida”. (FRATESCHI in SOUZA, 2008, p. 112-113).